Peregrinos da Ordem do Desenvolvimento: Gestores Públicos do Nordeste na Formação do Estado Republicano (1930-1964)

Apresentação: 

No momento em que se discute no Brasil o papel do Estado, em geral, e do administrador público, em particular, esta pesquisa tem por objetivo resgatar a formação e a trajetória de um grupo de gestores públicos na construção do estado republicano brasileiro. Alberto Guerreiro Ramos, Celso Furtado, Cleantho de Paiva Leite, Jesus Soares Pereira e Rômulo de Almeida são todos nordestinos de uma mesma geração e, com exceção de Furtado que nasceu em uma família de classe média, os demais são oriundos da baixa classe média. Guerreiro Ramos era o único negro do grupo. Todos eles migraram cedo para o Rio de Janeiro, capital federal de então, e ainda jovens iniciaram carreira no serviço público. A originalidade desta pesquisa está em investigá-los como gestores públicos que, no período pesquisado (1930-1964), atuaram e/ou tiveram papel central na criação dos seguintes órgãos e comissões: Assessoria Econômica de Vargas, Banco Nacional do Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES), Banco do Nordeste do Brasil (BNB), Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoa de Nível Superior (CAPES), Conselho Federal de Comércio Exterior (CFCE), Comissão Mista Brasil-EUA (CMBEU), Comissão de Mobilização Econômica (CME), Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), Departamento Administrativo do serviço Público (DASP), Eletrobrás, Grupo Misto CEPAL-BNDE, Instituto Superior de Estudos Brasileiros (ISEB), Missões Econômicas Brasil-Estados Unidos Cooke e Abbink-Bulhões, Petrobrás e a Superintendencia de Desenvolvimento do Nordeste (SUDENE). A investigação proposta será feita a partir do campo da administração, contudo a interdisciplinariedade será o fundamento epistemológico de pesquisa, uma vez que a ciência política, a história do pensamento econômico brasileiro (HPEB), e outras ciências sociais contribuirão para o seu desenvolvimento. Mormente, resgatar a formação e a trajetória destes gestores públicos que tiveram uma importante contribuição na construção do estado moderno, é fundamental para (re)pensar o Brasil na busca do ethos republicano.

Status: 

Em Andamento

O Projeto: 

Algumas pesquisas investigaram o período de 1930-1964 sobre diferentes aspectos da formação do Estado brasileiro e ressaltaram o papel dos economistas neste processo (Martins, 1976; Draibe, 1985; Bielschowsky, 1988; Loureiro, 1997). A pesquisa aqui proposta tem por objetivo destacar a atuação neste período de gestpres públicos na construção do estado republicano. Entre os diversos gestores públicos que se destacaram neste período, destacamos o seguinte grupo de nordestinos: Alberto Guerreiro Ramos, Celso Monteiro Furtado, Cleantho de Paiva Leite, Jesus Soares Pereira e Rômulo Barreto de Almeida. O escopo desta pesquisa é investigar a formação e a trajetória de vida destes cinco personagens como gestores públicos para melhor compreender a história contemporânea. A investigação proposta será feita a partir do campo da administração, contudo a interdisciplinariedade será o fundamento epistemológico de pesquisa, uma vez que a ciência política, a história do pesnamento econômico brasileiro (HPEB), e outras ciências sociais contribuirão para o seu desenvolvimento.

Guerreiro Ramos e Celso Furtado deixaram vasta obra publicada e são objetos de inúmeras pesquisas. Além disso, Celso Furtado (2014) foi o único ente os cinco que nos brindou com extensa publicação autobiográfica. Entretanto não há uma pesquisa que explore especificamente a atuação de ambos como gestores públicos. Estes autores aparecem, normalmente, representados como acadêmicos e intelectuais que tiveram influência em suas respectivas áreas: Guerreiro na administração pública (ver Cavalcanti, Duzert e Marques, 2014) e Furtado na Economia (ver Bielschowsky, 1988). Já Cleantho de Paiva Leite, Jesus Soares Pereira e Rômulo Almeida deixaram poucas obras publicadas e ainda não há biografias sobre eles. O que existem são depoimentos registrados em bancos de história oral e em alguns livros esparsos (e.g. Programa de História Oral do CPDOC/FGV; Lima, 1975; Centro Celso Furtado, 2009), e ainda menos artigos que comentem suas trajetórias como gestores públicos, como exceção ver Barbosa e Koury (2012) sobre Rômulo Almeida.

​Os cinco a serem pesquisados são nordestinos e membros de uma mesma geração que migraram cedo para o Rio de Janeiro, então capital federal, onde ainda jovens iniciaram carreira no serviço público. Guerreiro é o único negro do grupo e, com a exceção de Furtado que nasceu numa família de classe média, os demais são oriundos da baixa classe média. Todos ascenderam socialmente como servidores públicos.