Desenvolvimento ou crescimento? Globalização ou realidade local? Decisões administrativas ou processos participativos? Muitas dessas questões são suscitadas sempre que se busca algum tipo de resposta aos problemas decorrentes da exclusão social e do baixo adensamento democrático no Brasil. Se voltássemos à década de 1990, a aposta majoritária para a resolução desses problemas recairia sobre o Estado mínimo com ampla liberdade de ação para as grandes corporações empresariais e financeiras. Quem porventura defendesse a atuação do Estado no campo socioeconômico para a promoção da justiça social era tido como intelectualmente superado ou, até mesmo, alguém cuja linha de pensamento estava em processo de extinção. Superada essa fase de nossa história, sobretudo após a crise mundial de 2008, fica evidenciado, inclusive para o grande capital, que a busca por um mundo melhor não pode ser feita sem que haja uma conjunção simétrica de interesses entre Sociedade, Estado e Mercado, o que implica redescobrir e valorizar as práticas econômicas e saberes locais, além de se construir mecanismos institucionais para que os diferentes atores sociais possam, conjuntamente, fazer escolhas que julguem mais adequadas para os seus destinos. A presente obra, organizada por Fernando Tenório, é fruto de um trabalho de pesquisa liderado pelo Programa de Estudos em Gestão Social (PEGS), da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas da Fundação Getulio Vargas (Ebape/FGV), em parceria com outras instituições acadêmicas. Trata-se de um exaustivo levantamento sobre práticas de desenvolvimento local em diferentes realidades brasileiras que demonstram a importância de se pensar nos processos de deliberação pública como instrumentos indispensáveis para a inclusão cidadã. O estudo também apresenta uma rigorosa reflexão conceitual sobre cidadania, desenvolvimento local, bem comum, democracia e participação. Portanto, é uma leitura indispensável para a reflexão sobre alternativas de desenvolvimento local que objetivam pensar na importância do ser humano como protagonista do processo de inclusão cidadã.